Pemba, Moçambique – O governo moçambicano informou nesta terça-feira que 80 pessoas morreram nos recentes protestos pós-eleitorais, um número significativamente inferior ao relatado por organizações da sociedade civil, que monitoram a situação de perto.
O ministro da Administração Estatal, Inocêncio Impissa, apresentou um balanço oficial dos danos causados pelos protestos, destacando a destruição em larga escala de infraestruturas e reforçando a posição do governo contra as manifestações, classificadas como “ilegais e violentas”.
Destruição Generalizada
Impissa detalhou os prejuízos, informando que 117 escolas, 27 unidades de saúde e 58 torres de comunicação foram destruídas, além de danos significativos em indústrias, comércios e residências.
“O Presidente da República e o governo condenam veementemente esses protestos violentos, que não trazem benefícios para ninguém. Vamos continuar combatendo tais atos com firmeza”, declarou Impissa.
Divergências nos Números de Mortes
Durante a coletiva de imprensa, o ministro inicialmente evitou mencionar fatalidades, mas, questionado por jornalistas, revelou que os registros oficiais apontam cerca de 80 mortes associadas aos protestos.
"É preocupante que cidadãos saiam às ruas para se envolver em atividades que acabam resultando em tragédias", disse.
Entretanto, um relatório publicado em 21 de janeiro por grupos da sociedade civil aponta um número muito maior de vítimas. Segundo a investigação, entre 21 de outubro de 2024 e 16 de janeiro de 2025, 315 pessoas perderam a vida nos protestos, sendo 91% das mortes causadas por disparos da polícia.
A discrepância nos números levanta debates sobre a real dimensão da crise e reforça a tensão entre o governo e organizações independentes que acompanham os desdobramentos das manifestações.