Moradores tomam mina e desafiam governo a intervir

População invade mina em Manica após promessas não cumpridas

População invade mina em Manica após promessas não cumpridas

A comunidade de Nhampassa, no distrito de Báruè, província de Manica, invadiu uma mina de turmalina em protesto contra a empresa concessionária Sominha, Lda., acusando-a de não cumprir as promessas feitas no momento da concessão. As autoridades locais reconhecem falhas na implementação das ações de responsabilidade social.

A exploração da mina teve início em 2007, com a empresa comprometendo-se a construir anualmente dez casas para a população, além de uma escola secundária, um hospital, reabilitar estradas, perfurar poços de água e disponibilizar uma ambulância. No entanto, de todas essas promessas, apenas seis casas foram iniciadas, ainda sem conclusão.

População reivindica direitos sobre a terra

Matias Meneses, representante da comunidade, afirma que os moradores decidiram agir devido ao descumprimento dos acordos:
A população está a reivindicar os seus direitos na exploração mineira. A Sominha prometeu reassentar os moradores, mas não o fez, apropriando-se das nossas terras. Por isso, decidimos retomar o controle da montanha", declarou Meneses.
Diante do impasse, o governo distrital de Báruè ordenou a retirada imediata dos invasores da mina, mas os moradores recusaram-se a sair, insistindo na necessidade de um diálogo para resolver a questão.

Bernardo Tempo, outro representante local, defendeu a criação de uma associação comunitária para gerir a mina e seus recursos de forma independente, sugerindo a intervenção do governo para facilitar negociações pacíficas.
O que pedimos é uma conversa entre a população e o governo. A empresa fez muitas promessas, mas nada foi cumprido. Nem estrada temos", ressaltou.

Autoridades reconhecem falhas da empresa

David Franque, administrador de Báruè, admitiu que a concessionária falhou na implementação de ações de responsabilidade social e que o protesto ocorreu durante as manifestações pós-eleitorais, dificultando a mediação.
A empresa dizia que estava a construir casas para pessoas desfavorecidas, mas a população já estava insatisfeita e decidiu invadir a mina", afirmou.
O administrador alertou que o conflito pode escalar caso não haja um entendimento entre as partes. Segundo ele, o empresário responsável pela concessão manifestou interesse em dialogar e tentar corrigir a situação, mas a falta de ações concretas no passado levou a comunidade a reagir de forma mais radical.
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