Na última sexta-feira (28 de fevereiro), foi inaugurada uma clínica dedicada ao apoio e tratamento de usuários de drogas na cidade de Nampula. A iniciativa visa ajudar a retirar aos jovens o consumo de substâncias ilícitas, principalmente no maior centro urbano do norte de Moçambique.
Uma palestra foi proferida por Plácido Pereira, Secretário de Estado de Nampula, que destacou a preocupação do governo com o número crescente de usuários de drogas na província, apesar de uma leve redução nos últimos anos. O número de usuários de drogas passou de 3.986 em 2023 para 3.721 em 2024.
“Embora tenha ocorrido um nível aumentado, o número de usuários de matéria ainda é alarmante. Esta unidade foi criada para tratar usuários de heroína, com uma meta de diagnóstico e tratamento de 400 pacientes por ano. Até o momento, temos 37 usuários inscritos, dos quais 26 estão em tratamento”, afirmou Plácido Pereira.
O Secretário de Estado também fez um apelo à sociedade para se envolver na luta contra o uso de drogas e incentivar os usuários a buscar tratamento adequado. Ele ressaltou que a unidade possui uma equipe de profissionais preparada para lidar com uma série de questões de saúde, como distúrbios mentais, HIV/SIDA, hepatites, entre outros.
Em representação do Ministério da Saúde, Selma Adom também expressou preocupação com o abuso de drogas, especialmente entre jovens em idade ativa. Ela informa que a direção nacional de Saúde Pública está atenta à situação, considerando o impacto negativo das drogas tanto na saúde individual quanto na comunidade.
“A droga afeta não só os usuários, mas a sociedade como um todo. Identificamos locais com altas taxas de incidência, como áreas isoladas e escolas, e temos trabalho para conscientizar a comunidade escolar sobre os perigos do abuso de substância”, afirmou Selma Adom.
Adelino Chirindza, director da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC), destacou que, embora a cidade de Nampula seja uma das mais afectadas, o país ainda conta com apenas dois centros de tratamento, de um total de quatro planeados. Ele enfatizou a falta de espaços adequados para a terapia de substituição e as dificuldades enfrentadas pela população usuária de drogas, incluindo discriminação e prisões arbitrárias.
Chirindza também destacou o papel fundamental das organizações da sociedade civil no enfrentamento do consumo de drogas e no combate à estigmatização dos usuários na província de Nampula.