A Renamo acusou o Presidente da República, Daniel Chapo, de violar os compromissos garantidos no Acordo de Cessação Definitiva das Hostilidades Militares, assinado em 2019. Segundo o partido, ao traçar paralelos entre as manifestações atuais e a atuação da Renamo durante a guerra civil, Chapo reabriria o passado e minando o processo de reconciliação nacional.
As declarações do Presidente, feitas durante a sua visita a Cabo Delgado, associaram os protestos à atuação dos Naparamas e às ações insurgentes, comparando-os ao terrorismo que afeta o norte do país desde 2017. A Renamo recebeu a declaração como uma ameaça à paz e um desrespeito ao compromisso firmado entre o governo e o partido.
“Chapo está a desenterrar machados de guerra”
Saimon Macuiane, dirigente da Renamo, criticou duramente o posicionamento do Chefe de Estado. Em entrevista à TORRE.News, afirmou que os acordos de paz implicam que o passado foi superado e que o governo não deveria ressuscitar antagonismos.
“Chapo está tentando desenterrar machados de guerra. Firmamos um acordo de paz definitivo com o governo moçambicano, e isso significa que essa fase foi ultrapassada. A Renamo está comprometida com a reconciliação e não pode ser arrastada para este tipo de retórica.”
Diante da repercussão, a direção do partido avalia uma resposta oficial, alertando que declarações como essa podem afetar os avanços na pacificação do país.
Discurso sob escrutínio e evidência do governo
As palavras de Chapo geraram polêmica, especialmente por tom enérgico com que prometeu reprimir protestos violentos, chegando a mencionar que o país estaria pronto para "jorrar sangue" se necessário. A fala ocorre em meio a debates sobre a necessidade de um diálogo pacífico para lidar com as manifestações.
Em resposta às críticas, o Presidente da República se manifestou nesta terça-feira (26), em Pemba, negando que tenha feito qualquer ameaça e acusando seus opositores de distorcerem suas declarações.
“Partes do meu discurso foram retiradas do contexto original para manipular a opinião pública”, afirmou Chapo durante a Sessão Ordinária do Conselho de Ministros.
O governante enfatizou que suas palavras foram direcionadas exclusivamente a atos de vandalismo e destruição de bens públicos e privados, não a protestos pacíficos. No entanto, a controvérsia continua a alimentar o debate nacional sobre os limites da repressão e a necessidade de soluções políticas para a concorrência social.